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Igrejas sob ataque no Sudão: cristãos enfrentam perseguição em meio à guerra

Rafat, um dos líderes da igreja no Sudão, relata os desafios enfrentados pelos cristãos durante o conflito
em
28 de junho de 2025
Imagem representativa (Vatican News)

A situação no Sudão continua crítica mesmo após a tomada da capital Cartum pelas Forças Armadas Sudanesas em março deste ano. Embora um novo primeiro-ministro tenha sido nomeado pelo chefe do exército, a guerra civil não deu sinais de trégua. Segundo o Programa Alimentar Mundial, o país já registra mais de 11 milhões de deslocados internos — a maior crise desse tipo no mundo atualmente — e corre o risco de enfrentar a pior fome da história recente, caso os combates prossigam.

Com a intensificação dos confrontos no início do ano, o exército retomou o controle de cidades importantes como Cartum, Omdurman, Bahri e Obeid. Em resposta, o grupo conhecido como Forças de Suporte Rápido, uma milícia que já foi subordinada ao governo, passou a dominar regiões ao sul e oeste do país, agindo de forma autônoma e violenta.

Nesse cenário de guerra e instabilidade, os cristãos sudaneses — que representam cerca de 4% da população em um país majoritariamente muçulmano — vivem sob constante ameaça. Desde o início do conflito, mais de 100 igrejas foram danificadas, além de relatos de sequestros e mortes de fiéis.

No começo de junho, pelo menos três igrejas foram bombardeadas, e um dos líderes cristãos morreu devido aos ferimentos. Rafat Samit, representante do Conselho da Comunidade Evangélica no Sudão, explica que as igrejas estão em constante perigo. “Não importa quem está atacando: se uma igreja estiver na linha de fogo, ela será atingida. A cidade de El Fasher, por exemplo, está dominada pelas Forças de Suporte Rápido, mas as Forças Armadas também bombardeiam a área e dizem que foi por engano”, afirma.

Cristãos tentam sobreviver em meio ao cerco

A situação em El Fasher é especialmente delicada. A cidade está cercada, o que dificulta qualquer tentativa de fuga. Segundo Rafat, os cristãos estão ainda mais vulneráveis do que o restante da população. “Nos campos de deslocados, eles não são bem recebidos e não recebem ajuda por causa da fé que professam. Muitos perderam tudo o que tinham. Não há comida suficiente, e quem tenta sair da cidade corre o risco de ser confundido com inimigo e atacado”, relata.

Embora o governo esteja tentando reassentar os deslocados nas áreas próximas a Cartum, a situação permanece instável. Muitos cristãos estão voltando, mas encontram suas igrejas ocupadas ou confiscadas pelo Estado, o que impede a reabertura dos templos.

Sobre o futuro da igreja no país, Rafat é cauteloso: “Não sabemos o que nos espera. A igreja está sempre no alvo, e a guerra serve de desculpa para muitos abusos. Quem já enfrentava perseguição antes, agora vive com ainda mais medo.”

Com informações de Portas Abertas