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Mingfan, à esquerda, arrisca a liberdade para discipular jovens chineses |
A perseguição religiosa na China tem crescido e afetado especialmente adolescentes e jovens que desejam conhecer a Jesus. Entre eles está Mingfan (nome fictício), um estudante que se dedica a alcançar a nova geração com a mensagem da cruz — mesmo após ter sido alvo das autoridades por frequentar escolas cristãs clandestinas.
Natural de uma pequena vila no centro do país, Mingfan cresceu em um lar simples de agricultores. Seus pais se converteram ao cristianismo e passaram a reunir outros crentes da região. A mãe sonhava que o filho se tornasse evangelista. Aos 15 anos, ele foi enviado para uma escola cristã secreta no sudoeste da China. “Obedeci meus pais e fui, mas, para ser sincero, eu não cria em Deus. Achava que Ele não tinha nada a ver comigo”, relembra.
Tudo mudou quando começou a participar das atividades da escola e dos grupos de jovens. “Senti que estava em casa — fui amado, valorizado e cuidado. Nossos professores nos ensinaram não só sobre a fé, mas também sobre a vida. Ajudavam nos estudos, na música, em viagens missionárias e até em planos profissionais. Eu me perguntava: ‘Por que eles faziam tanto por nós?’”, conta.
A convivência transformou completamente sua visão. “O Deus dos meus pais se tornou o meu Deus. Ali amadureci, compreendi a fé deles e percebi que o Senhor também me chamava para pastorear jovens chineses”, explica. Hoje, Mingfan sente o mesmo desejo que seus mentores demonstraram: “Quero que adolescentes e jovens encontrem Jesus nos anos mais preciosos da vida — que cresçam firmes, fortes e responsáveis, transmitindo a fé a outros.”
O início da perseguição
O ambiente de aprendizado, porém, logo se tornou alvo das autoridades. A escola onde Mingfan estudava foi acusada de disseminar uma seita e vários professores foram detidos para interrogatório. “Na época, eu não entendia o tamanho da perseguição. Só mais tarde percebi o quanto nossos professores sofreram em silêncio para nos proteger”, relata.
Aos 17 anos, a repressão aumentou. Carros da polícia cercaram o novo endereço da escola, que já havia sido obrigada a mudar de local. Policiais invadiram as salas, algemaram professores e espalharam medo entre os estudantes. Enquanto os mestres eram interrogados, os jovens oraram a noite inteira pedindo pela libertação deles.
O colégio acabou sendo fechado definitivamente, e Mingfan buscou outro grupo de estudo bíblico, agora no oeste da China. Mas a perseguição voltou a acontecer. “Nosso grupo foi novamente interrompido por causa da fé e da nossa idade. A cada nova onda de repressão, escolas fechavam, materiais eram confiscados e colegas iam embora. As mudanças constantes nos cansavam profundamente”, lembra. Até mesmo algumas igrejas locais se afastaram, temendo represálias do governo.
Perseverança em meio ao risco
Mingfan está ciente de que pode ser preso, multado ou interrogado se evangelizar adolescentes menores de 18 anos. Ainda assim, ele segue determinado a se preparar para servir. “Talvez não possamos mais fazer o que nossos professores faziam — acampamentos, escolas bíblicas —, porque hoje isso é muito arriscado”, admite.
Mesmo diante das restrições, ele mantém um propósito firme: “Quero criar um verdadeiro lar espiritual, onde jovens possam se reunir, crescer e sentir o amor de Deus, assim como eu senti. Meu ministério pode ser diferente do dos meus professores, mas o coração é o mesmo: caminhar com os jovens, construir relacionamentos sinceros e compartilhar a verdade do evangelho”, conclui.
Com informações de Portas Abertas
