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(© PMA/Denise Colletta) Pessoas deslocadas em Moçambique |
Uma nova onda de ataques promovida por militantes islâmicos do grupo Al-Shabaab voltou a atingir a província de Cabo Delgado, em Moçambique, no fim de julho. De acordo com relatórios locais, cerca de 35 pessoas foram mortas, pelo menos dez sequestradas e mais de 46 mil forçadas a deixar suas casas. Igrejas e residências de cristãos também foram destruídas em ações que aparentam ser ataques direcionados contra a comunidade.
No vilarejo de Intutupue, cinco pessoas foram decapitadas após serem encontradas produzindo nipa — bebida alcoólica caseira considerada “pecado” pelo grupo. No dia seguinte, o veículo de propaganda extremista Al-Naba divulgou imagens das mortes, chamando as vítimas de “cinco infiéis cristãos”, embora não haja confirmação oficial sobre a religião delas.
Em 24 de julho, militantes incendiaram a principal delegacia de Chiúre Velho, além de destruir uma escola e um posto de saúde. Em um vídeo, os radicais afirmaram que “cristãos devem se converter ao islã” para escapar do sofrimento. Dias depois, em Ntonhane, uma pessoa foi decapitada por estar com intoxicação alimentar, considerada “impura” pelos jihadistas.
Ataques contra igrejas e líderes cristãos
Na manhã de 30 de julho, a vila de Muanquina, distrito de Chiúre, foi alvo de uma nova ofensiva. Homens armados invadiram o local, destruíram duas igrejas, uma casa de oração e 44 casas de famílias cristãs, incluindo a residência de um pastor. Bíblias foram rasgadas, pertences saqueados e há indícios de que um pastor tenha sido sequestrado, sem notícias até o momento.Dois dias depois, 15 cristãos que caminhavam por uma estrada foram emboscados e decapitados. Segundo líderes locais, eles frequentavam uma das igrejas queimadas pelos extremistas.
Êxodo forçado e clima de medo
Segundo a ONU, os ataques resultaram no deslocamento de mais de 46 mil pessoas nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe — sendo que apenas em Chiúre, mais de 42 mil fugiram, mais da metade delas crianças.Um agente da sociedade civil descreveu a ação como “planejada”: “Eles queimam igrejas, mas não tocam nas mesquitas. Atacam casas específicas, como se soubessem exatamente onde vivem os cristãos. Não é coincidência.”
Apelo por paz
Em meio à destruição, líderes cristãos pedem ajuda urgente. Iniciativas como a campanha Desperta África pelo fim da violência buscam mobilizar apoio internacional e alcançar um milhão de assinaturas para pressionar por paz e liberdade na região.Fonte: Portas Abertas