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Donald Trump/Luiz I. Lula da Silva |
Nos últimos meses, a narrativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que Donald Trump evitava uma conversa direta com ele perdeu força. O argumento da “agenda cheia” soa, no mínimo, inconsistente, já que um encontro entre os dois líderes teria peso estratégico para ambos os países. Afinal, o diálogo poderia abrir caminho para resolver pendências diplomáticas e econômicas relevantes, fortalecendo as relações entre Brasil e Estados Unidos.
A questão que surge é: Lula realmente deseja resolver esse impasse? Ou o confronto com Trump se tornou politicamente mais interessante do que a pacificação?
Do ponto de vista da política interna, manter uma postura de atrito com figuras da direita internacional pode render dividendos ao governo, reforçando o discurso de oposição ao que Lula classifica como populismo conservador. No cenário externo, o embate retórico também pode servir como instrumento para afirmar liderança entre países alinhados a agendas progressistas.
Por outro lado, resolver a situação de forma diplomática colocaria Lula em uma posição de estadista capaz de dialogar até mesmo com adversários ideológicos, algo que poderia fortalecer sua imagem internacional. No entanto, essa saída exigiria abrir mão da narrativa do conflito, que hoje alimenta seu capital político junto a setores específicos.
Portanto, o que parece estar em jogo não é apenas a diplomacia, mas a conveniência política. Enquanto o confronto render visibilidade e apoio, a “desculpa da agenda cheia” continuará sendo usada como pretexto. O problema é que, no longo prazo, a oportunidade de construir pontes com os Estados Unidos pode ser perdida — e essa é uma conta que o Brasil inteiro pagará.