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Turquia: crescimento da violência e crimes de ódio contra cristãos

Relatório aponta alta de ataques, intimidações e restrições a cristãos protestantes na Turquia em 2024.
em
1 de setembro de 2025
Imagem ilustrativa (Pixabay)

Um levantamento da Associação de Igrejas Protestantes revelou que, em 2024, os cristãos na Turquia foram alvo de mais crimes de ódio em comparação ao ano anterior. O Relatório de Violações dos Direitos Humanos destacou que, apesar da garantia oficial de liberdade religiosa, protestantes continuam a enfrentar violência, intimidações e discursos hostis.

Segundo o documento, diversos ataques físicos e verbais ocorreram em diferentes cidades do país. Um dos episódios mais graves aconteceu em 31 de dezembro de 2024, quando o prédio da Igreja da Salvação em Çekmeköy foi alvejado por tiros disparados de um carro. O agressor ainda tentou retirar placas da instituição e insultou cidadãos que celebravam o Ano Novo, declarando que os cristãos seriam derrotados.

Outro ataque registrado ocorreu em 20 de janeiro de 2024, quando disparos atingiram a Igreja da Salvação em Eskişehir. As balas atravessaram o templo e chegaram até uma clínica odontológica localizada abaixo. O relatório observou que a polícia não recolheu provas nem abriu investigação.

Casos de discriminação também foram relatados. Uma professora cristã perdeu o emprego em Malatya, em dezembro, sem justificativa oficial. Segundo ela, administradores da escola sugeriram que tivesse cuidado com suas amizades. Temendo represálias contra familiares, a docente não acionou a Justiça.

Além disso, símbolos cristãos foram vandalizados. Em Kuşadası, um Novo Testamento queimado foi deixado em frente a uma igreja, enquanto em Kayseri, instalações de apoio social ligadas à Igreja local foram atacadas. Tentativas de invasão, insultos contra fiéis e até ameaças de morte foram registrados em cidades como İzmir, Bahçelievler e Suruç.

O relatório também denuncia pressões das autoridades. Policiais teriam oferecido dinheiro a membros de igrejas em Malatya para atuarem como informantes, alegando que era “para garantir segurança”. Em Lüleburgaz, houve uma campanha para fechar o escritório da Associação das Igrejas da Salvação, culminando em um processo judicial. Em Kütahya, proprietários se recusaram a alugar imóveis para a congregação, sob a justificativa de que sua existência seria uma ameaça.

Muitas comunidades também relataram perseguição nas redes sociais, com mensagens ofensivas e discursos de ódio amplamente divulgados. Em 29 de dezembro, por exemplo, um pastor foi alvo de insultos após a celebração do Natal.

A situação afeta ainda cristãos estrangeiros que vivem no país. Entre 2019 e 2024, 132 pessoas receberam códigos de proibição de entrada ou vistos negados, dificultando o trabalho pastoral em várias igrejas. Em junho de 2024, o Tribunal Constitucional rejeitou o recurso de nove estrangeiros, cujos nomes foram expostos publicamente, o que desencadeou ameaças de morte contra eles nas redes sociais.

Atualmente, há 214 congregações protestantes na Turquia, sendo que 152 possuem status legal. Porém, muitas enfrentam dificuldades para alugar templos, arcar com altos custos ou obter isenções fiscais, além de não terem acesso a escolas de formação religiosa ou cemitérios próprios.

O relatório conclui pedindo que as autoridades turcas adotem medidas concretas para proteger a liberdade religiosa, treinar agentes públicos sobre direitos fundamentais e encerrar políticas que restringem a entrada de cristãos estrangeiros no país.

Fonte: Christian Daily International

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