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Imagem Ilustrativa |
O Censo 2022 do IBGE revelou um dado marcante: 26,9% da população brasileira com 10 anos ou mais se declara evangélica, o que representa cerca de 47,4 milhões de pessoas. É um número impressionante que mostra a força da fé protestante no país e seu avanço constante nas últimas décadas. No entanto, uma pergunta se impõe: esse crescimento numérico corresponde, de fato, a conversões genuínas?
Quem observa a realidade das igrejas percebe dois movimentos distintos. De um lado, há um crescimento legítimo, marcado por pessoas que tiveram uma experiência profunda de fé, passaram por transformação de vida e se engajaram na comunidade cristã. Por outro, nota-se também um aumento de adesões superficiais, muitas vezes motivadas por fatores sociais, culturais ou até econômicos.
O Brasil vive uma fase em que a identidade evangélica deixou de ser minoritária e passou a ter forte presença no espaço público, político e cultural. Isso, inevitavelmente, atrai pessoas que veem na fé uma oportunidade de pertencimento ou de ascensão social. A própria dinâmica das igrejas – com cultos vibrantes, redes de apoio e ações sociais – também contribui para esse fenômeno. Mas a pergunta que persiste é se todo esse movimento reflete a essência do evangelho: arrependimento, fé em Cristo e vida transformada.
Quando falamos de “conversão genuína”, não nos referimos apenas a uma mudança de religião, mas a um novo nascimento espiritual, como ensinado por Jesus em João 3:3: “Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo”. Essa experiência não pode ser medida em estatísticas. É uma realidade interior que se manifesta em frutos: amor, compaixão, santidade e compromisso com o próximo.
Se o crescimento evangélico brasileiro se mantiver apenas na proporção atual, sem a base sólida de conversões verdadeiras, o risco é termos uma grande massa de “evangélicos nominais”, mas um cristianismo esvaziado de seu poder transformador. Nesse caso, o aumento percentual pouco significará diante da degradação ética e moral que ainda persiste em nossa sociedade.
Por outro lado, se mesmo uma parte desse crescimento se der por meio de conversões autênticas, o impacto pode ser profundo. Uma igreja que vive o evangelho em sua integridade tem poder de influenciar famílias, transformar comunidades e até moldar a cultura de uma nação.
Portanto, o desafio que se coloca não é apenas comemorar os números crescentes, mas refletir sobre a qualidade dessa fé. Mais importante do que saber se 30% ou 40% dos brasileiros se declaram evangélicos é discernir se esses milhões de pessoas estão vivendo uma fé que reflete Cristo em sua plenitude.