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Cristãos exigem justiça dois anos após ataques em Jaranwala

Protestos marcam dois anos dos ataques em Jaranwala, com críticas à impunidade e pressão sobre o governo paquistanês.
em
25 de agosto de 2025
Jaranwala, no Paquistão / Foto: Muhammad Tahir – Reuters

Dois anos após os violentos ataques contra cristãos em Jaranwala, na província de Punjab, Paquistão, cresce a frustração diante da falta de justiça. Mais de 25 igrejas e 85 casas foram saqueadas e incendiadas em 16 de agosto de 2023, mas até hoje nenhum responsável foi condenado.

No aniversário do ataque, milhares saíram às ruas em várias cidades, incluindo Jaranwala, Lahore e Karachi, exigindo ação do governo. O protesto principal foi realizado em Jaranwala pelo Comitê de Vítimas, que criticou a condução dos processos judiciais e a ausência de medidas eficazes para responsabilizar os culpados.

Os ataques começaram quando dois irmãos cristãos foram acusados de blasfêmia e de profanar o Alcorão. A acusação incendiou uma multidão de milhares de muçulmanos, gerando destruição em larga escala. Apesar de mais de 300 prisões na época, a maioria foi libertada por falhas nas investigações policiais. Em junho deste ano, um tribunal absolveu 10 suspeitos, mesmo diante de provas consideradas contundentes, aumentando a sensação de impunidade.

Líderes cristãos denunciaram a negligência do governo. Lala Robin Daniel, coordenador do Comitê de Vítimas, afirmou que muitas promessas de indenização e reabilitação não foram cumpridas, e que a comunidade continua sofrendo tentativas de divisão. “Continuaremos protestando pacificamente e lembrando ao governo que nos deve justiça”, declarou.

Samson Salamat, presidente do movimento Rwadari Tehreek, também lamentou a ausência de líderes políticos e religiosos nas manifestações e criticou o silêncio da ministra-chefe do Punjab. Ele alertou contra estratégias de enfraquecer a unidade cristã e reforçou a necessidade de perseverança na luta por justiça.

Em Lahore, ativistas como Ghazala Shafique e Luke Victor destacaram que o caso expõe a intolerância sistêmica contra cristãos no país e a falha do Estado em proteger minorias. Já Michelle Chaudhry, presidente da Fundação Cecil e Iris Chaudhry, afirmou que a impunidade fortalece abusos das leis de blasfêmia e pediu reformas urgentes para evitar novas injustiças.

Segundo a Anistia Internacional, das mais de 5 mil pessoas investigadas pelos distúrbios, apenas 380 foram presas, enquanto milhares permaneceram foragidas. A entidade denunciou a resposta estatal como “grosseiramente inadequada”, perpetuando a cultura de impunidade.

Os irmãos acusados de blasfêmia foram absolvidos depois que um tribunal concluiu que haviam sido incriminados em uma disputa pessoal. No entanto, o episódio continua sendo um retrato da vulnerabilidade dos cristãos no Paquistão, país que ocupa o 8º lugar na Lista Mundial da Perseguição 2025 da Portas Abertas, entre os mais hostis à fé cristã.

Por Christian Daily International /Morning Star News

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