Na noite de segunda-feira, 7 de julho, um grupo de homens armados invadiu a Igreja Batista Bege, na vila de Yaribori (também conhecida como Yari Bori), no estado de Katsina, noroeste da Nigéria, deixando dois mortos e uma mulher sequestrada. Segundo relatos, os criminosos, cerca de 15 a 20 indivíduos com sotaque fulani, abriram fogo durante um culto e estudo bíblico.
As vítimas fatais foram o pastor Emmanuel Na’allah Auta e o membro da igreja Mallam Samaila Gidan Taro. Conforme informou o portal TruthNigeria, uma das fiéis presentes também foi levada pelos agressores para local desconhecido.
Testemunhas disseram que Gidan Taro era um ex-muçulmano convertido ao cristianismo, enquanto o pastor Na’allah era conhecido por trabalhar na reconciliação entre cristãos e muçulmanos da região.
Violência contínua no estado de Plateau
Enquanto isso, na região central da Nigéria, o estado de Plateau continua sendo cenário de ataques mortais. Em junho, militantes Fulani assassinaram 20 cristãos em uma área, e em outra parte do estado, 80 moradores de vilas predominantemente cristãs foram mortos desde maio.No condado de Mangu, pastores armados destruíram quase 100 casas e mataram dois cristãos no vilarejo de Gyambwas em 27 de junho. Uma moradora, Esther Luka, relatou que um fazendeiro e seu filho foram atacados no campo — apenas o filho conseguiu escapar com vida.
Já na comunidade de Manja, três cristãos foram mortos em 19 de junho enquanto trabalhavam em suas lavouras, segundo o deputado estadual Mathew Kwarpo. Durante esse mesmo ataque, mais de 20 residências foram incendiadas.
Outros episódios ocorreram em junho: oito cristãos assassinados em Chicim no dia 11 e sete mortos em Bwai no dia 10. No condado de Bokkos, 13 aldeias cristãs foram atacadas desde maio, resultando em 80 mortos e dezenas de casas destruídas. Um dos ataques, em Hokk, teve até a casa de um pastor incendiada.
Amalau Samuel, líder do governo local de Bokkos, classificou os ataques como "bárbaros e desumanos", relatando que os agressores invadem residências e assassinam principalmente idosos e crianças, que têm menos chance de fugir.
Fontes locais afirmam que os extremistas montaram acampamentos em diversas áreas da região e que as autoridades foram notificadas, embora as respostas militares nem sempre sejam eficazes.
Perseguição religiosa em escala nacional
Embora nem todos os Fulani tenham ligações com extremismo, parte do grupo tem aderido a ideologias radicais, segundo o relatório de 2020 do Parlamento britânico sobre Liberdade de Crença. Esses ataques seguem uma lógica semelhante à de grupos jihadistas como Boko Haram e ISWAP, com o objetivo de expandir o islamismo e dominar territórios cristãos.Cristãos da região acreditam que esses atos violentos visam forçar a tomada de suas terras por grupos muçulmanos. O agravamento da desertificação contribui para os conflitos, já que os pastores enfrentam dificuldades em manter seus rebanhos.
A Nigéria figura entre os países mais perigosos para os cristãos. De acordo com a Lista Mundial da Perseguição 2025 da Portas Abertas, o país lidera em número de cristãos assassinados por causa da fé. Das 4.476 mortes registradas no último ano, 3.100 ocorreram em solo nigeriano.
Além dos massacres, sequestros e ataques armados, a Nigéria enfrenta agora a ameaça do grupo jihadista Lakurawa, filiado à Al-Qaeda e ativo no noroeste do país.
O país ocupa atualmente o 7º lugar entre os 50 piores do mundo para se viver como cristão.
Com informações de Christian Daily International