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| Conseguir uma Bíblia no Irã, um risco necessário para quem quiser conhecer as escrituras (Imagem ilustrativa / Pixabay) |
A igreja subterrânea no Irã tem crescido de forma notável, com cada vez mais muçulmanos entregando suas vidas a Cristo. Esse avanço, porém, traz consigo dois grandes desafios. O primeiro é: após a conversão, como um novo cristão pode ser discipulado? Como aprender mais sobre uma fé que o governo enxerga como ameaça ao Estado? Onde conseguir uma Bíblia ou outros materiais cristãos? O segundo desafio está na necessidade de líderes dispostos a enfrentar, com coragem, as consequências da perseguição.
A história de John ilustra bem essa realidade. Ele conta que, em sua experiência, conseguiu uma Bíblia sem grandes dificuldades: “Fui a uma livraria em Teerã e comprei uma. O vendedor me olhou de forma estranha e perguntou por que, sendo muçulmano, eu queria uma Bíblia. Respondi rapidamente que era para estudos”, relembra.
Nem todos, porém, têm a mesma sorte. Em muitas regiões fora das grandes cidades, adquirir uma Bíblia é quase impossível, e qualquer suspeita de conversão pode atrair a vigilância das autoridades. Por isso, organizações parceiras da Portas Abertas se empenham em levar Bíblias secretamente para dentro do país. A partir daí, uma rede de cristãos as distribui de maneira discreta.
Ramin, outro cristão iraniano, compartilha: “Eu mantinha cerca de 120 Bíblias em casa. Assim, sempre tinha uma para entregar a alguém em quem confiava”. Mas essa prática é extremamente arriscada. Caso as autoridades descubram esses “estoques”, os responsáveis podem receber longas condenações sob a acusação de colocar a segurança nacional em perigo.
Ele recorda um episódio em que escapou por pouco: “Uma vez, levava algumas Bíblias no carro porque uma entrega havia falhado. A polícia nos parou. Oramos e Jesus nos guardou. Os agentes nos deixaram seguir sem sequer revistar o veículo”.
A juventude na liderança da igreja
Os líderes cristãos no Irã enfrentam riscos constantes. O governo e os serviços secretos miram especialmente pastores e responsáveis por igrejas domésticas. Muitos acabam sendo forçados a deixar o país e se unem à comunidade cristã iraniana no exterior. No entanto, dentro do Irã, há uma carência urgente de novos líderes.Um cristão iraniano já declarou: “Não é mais preciso orar por avivamento no Irã, ele já chegou! O que precisamos, com urgência, são líderes”.
Hoje, jovens assumem a responsabilidade de discipular novos convertidos, conscientes de que isso pode resultar em prisão ou perseguição severa. Anos atrás, quando eram encontrados em reuniões caseiras, geralmente eram liberados rapidamente. Agora, porém, correm o risco de serem vistos como líderes oficiais e, assim, tratados como alvos diretos pelo regime.
Sem liderança, a igreja não consegue se manter saudável. Por isso, quando pastores são presos, a participação dos jovens se torna essencial. Com apoio de parceiros locais, a Portas Abertas oferece treinamentos para capacitá-los no estudo da Bíblia, no discipulado e na escuta da direção do Espírito Santo.
Esses cursos também ensinam práticas de segurança, como se comunicar de forma discreta para evitar chamar a atenção do serviço secreto. Sogol (nome fictício), uma jovem cristã, testemunha a importância desse aprendizado: “Já participei de vários treinamentos. Em cada um, descubro algo novo sobre Jesus. Fico animada ao pensar nos próximos planos que Deus tem para mim, no que Ele quer ensinar e transformar em minha vida”.
Fonte Original: Portas Abertas
