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Prédio de igreja demolido em Cartum Norte, Sudão, em 8 de julho de 2025. (CSW) |
Autoridades do Sudão demoliram, no dia 8 de julho, um complexo da Igreja Pentecostal localizado em El-Haj Yousif, distrito de East Nile, em Cartum Norte. Segundo testemunhas, a ação ocorreu sem aviso prévio, e envolveu escavadeiras, caminhões e a presença de forças policiais e militares.
O prédio, construído no início da década de 1990, abrigava o salão de cultos e escritórios administrativos da Igreja Pentecostal do Sudão (SPC). No momento da demolição, nenhuma justificativa foi apresentada, e, de acordo com líderes cristãos, não houve solicitação de documentos legais do imóvel. Posteriormente, autoridades alegaram que a medida fazia parte de uma operação para remover construções “não regulamentadas” na região.
Líderes religiosos classificaram a destruição como mais um exemplo do aumento da repressão contra cristãos no país. “Pedimos orações para que sejamos fortalecidos nesta perseguição”, declarou o pastor Juma Sapana em rede social.
A organização Portas Abertas alertou recentemente para o risco de ataques contra igrejas nas periferias das grandes cidades, afirmando que construções maiores nos centros urbanos podem ser alvo de ações com respaldo jurídico.
O episódio ocorre em meio ao prolongado conflito entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Apoio Rápido (RSF), iniciado em abril de 2023. A guerra já provocou a morte de dezenas de milhares de civis e o deslocamento de mais de 11 milhões de pessoas, segundo dados da ONU. Igrejas têm sido bombardeadas, saqueadas ou ocupadas por ambos os lados.
O Sudão ocupa atualmente a 5ª posição na Lista Mundial da Perseguição 2025, elaborada pela organização Portas Abertas. A situação dos cristãos se deteriorou após o golpe militar de outubro de 2021, que interrompeu avanços na liberdade religiosa conquistados após a queda do regime islâmico de Omar al-Bashir, em 2019.
A população cristã do Sudão é estimada em cerca de 2 milhões de pessoas, o equivalente a 4,5% da população total.
